quinta-feira, 3 de maio de 2012

O mármore de Estremoz


     A etimologia da palavra “mármore” provém do grego “marmairein” ou do latim “marmor” e significa “pedra de qualidade” ou “pedra branca”; para os geólogos o mármore é exclusivamente uma rocha metamórfica cristalina e carbonatada, composta por cristais de calcite (mármore calcítico) ou dolomite (mármore dolomítico), resultante da recristalização de rochas calcárias ou dolomíticas previamente existentes. Um conceito comercial mais comum refere que o mármore é toda a rocha cristalina sedimentar ou metamórfica, carbonatada ou não, que apresentando um aspecto semelhante ao do mármore, possa ser extraída em blocos, evidencie boas características para o corte e seja susceptível de adquirir bom polimento. No caso dos mármores alentejanos, apenas se exploram os de natureza calcítica embora os mármores dolomíticos sejam mais abundantes, estão muito fracturados e deles não é possível obter blocos com dimensão comerciável (dimensões médias próximas de: 2m x 1,5m x 1,2m).
Fig.1 - Mármore de Estremoz
       Das imagens de marca que Portugal disponibiliza ao Mundo, os Mármores de Estremoz estão entre as mais conhecidas. A excelência evidenciada pelas variedades cromáticas mas também, e cada vez mais, pelas suas propriedades físico-mecânicas, em função de constrangimentos de mercado, colocam os Mármores de Estremoz entre os melhores do Mundo, sejam quais forem os parâmetros comparativos que se utilizem.
    O anticlinal de Estremoz corresponde a uma estrutura simétrica com um núcleo precâmbrico a que se sobrepõe uma Formação Dolomítica de idade câmbrica inferior, os mármores calcíticos explorados como rocha ornamental ocorrem intercalados no Complexo Vulcano-Sedimentar-Carbonatado de Estremoz onde constituem a maior parte do volume. A sequência completa-se com xistos negros e liditos, por vezes com graptólitos, de idade silúrica. Esta sequência tem equivalência litológica com a que ocorre na Green Mountain, no Estado de Vermont – EUA. Esta correspondência transporta-nos para uma evolução geodinâmica de abertura e fecho de oceanos que não podemos retratar neste pequeno texto.
    A extracção deste recurso remonta, pelo menos, ao Período Romano existindo, ainda, preservados vestígios desta actividade com mais de dois mil anos. O indício mais antigo reconhecido da utilização dos mármores na região alentejana, data do ano 370 a.C. e consiste numa lápide mandada executar pelo capitão cartaginês Maarbal, na sua viagem de Faro para Elvas, que foi descoberta por Túlio Espanca em Terena - Alandroal. É interessante referir que no Séc. I, tendo os Romanos já adquirido experiência na extracção e transformação de mármores em Itália, rapidamente reconheceram o valor dos mármores alentejanos passando a utilizá-los sistematicamente na arquitectura peninsular, tanto em edifícios públicos como particulares. Aos olhos de um leigo poderia parecer que assim não seria e que eles teriam trazido os seus mármores para a Península Ibérica, no entanto a análise comparativa entre isótopos de carbono e oxigénio permitiu, sem qualquer dúvida, afirmar que, por exemplo, na edificação do Templo Romano e de outras construções romanas de Évora, os mármores encontrados provieram do anticlinal de Estremoz.

Fig.1 - Pedreira de Mármore de Estremoz

    Para além das explorações de mármore no anticlinal de Estremoz existem ainda outros locais que no passado foram intensivamente explorados, a saber por ordem crescente de importância: Brinches; Escoural; Serpa; Viana do Alentejo; Trigaches e Vila Verde de Ficalho. Nestes locais exploravam-se rochas únicas pelas cores e texturas que apresentavam, no entanto, apenas os dois últimos mantêm pedreiras activas.


Fontes: http://olhares.uol.com.br/marmore-de-estremoz-foto172588.html
http://www.alentejolitoral.pt/PortalAmbiente/RecursosNaturais/Recursos%20geologicos/Paginas/Rochasornamentais.aspx

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