O Urânio
• Urânio é um metal muito pesado que pode ser utilizado como
fonte energética muito concentrada.
• Ocorre na maioria das rochas em concentrações de 2 a 4 ppm
(partes por milhão), sendo muito comum na crosta terrestre associado a estanho,
volfrâmio e molibdénio. Ocorre na água do mar e pode ser removido dos oceanos.
• Foi descoberto em 1789 por Martin Klaproth, um químico
alemão, num mineral chamado Pecheblenda. O nome deriva de Urano, planeta
descoberto oito anos antes.
• Minério de urânio é toda concentração natural de minerais
na qual o urânio ocorre em proporções e condições tais que permitam a sua exploração
económica, dentro de um contexto estratégico.
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Fig.1- Jazigo de urânio |
Mercado Consumidor
O minério de urânio atende diversos setores industriais
através do fornecimento de matéria-prima (ilmenita, zirconita e rutilo) para a
indústria siderúrgica, automobilística, de fibras óticas e de cerâmicas
especiais. Até à II Guerra Mundial, os minérios de urânio constituíam apenas
uma fonte comercial de rádio (Ra). Os sais de urânio tinham aplicações
limitadas (fotografia, cerâmica). Com o desenvolvimento da indústria nuclear, o
urânio passou a ser usado em armas e reatores nucleares.
Atualmente, embora seja também utilizado na medicina e na
agricultura, a sua principal aplicação comercial é na geração de energia
elétrica, na qualidade de combustível para reatores nucleares de potência.
Assim, a demanda global de urânio é formada por diversos países que utilizam a
energia nuclear na sua matriz energética.
Ocorrências de Urânio em Portugal
Os jazigos de urânio tidos como mais importantes em
Portugal, estão localizados na sua região central (Província das Beiras)
dispostos na parte ocidental do Maciço Hespérico abrangendo a Cordilheira
Central ( Serra da Estrela, Lousã, S. Pedro de Açor, Gardunha) e estendendo-se
para a parte poente até às Serras do Buçaco, Caramulo e Montemuro.
Os chamados granitos monzoníticos, de duas micas, em
especial o tipo porfiróide de grão grosseiro, são as rochas dominantes na
região e contribuem para 40% da cobertura daquela área.
Para além dos granitos referidos, observam-se os
granodioritos, os xistos argilosos, os xistos grafitosos, os micáceos e quartzo-micáceos,
os micaxistos os grauvaques, os gnaises, os migmatitos, os quartzitos e as
rochas detríticas dos depósitos de cobertura
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Fig.2 - Ocorrências de urânio em Portugal |
Assim poderemos encontrar jazigos de urânio:
- Na região de Trás-os-Montes conhecem-se 35 ocorrências de
urânio repartidas pela faixa da Vilariça, Faixa da Ervedosa, nos maciços de
Vila Real – Vila Nova de Foz Coa, Miranda do Douro - Torre de Moncorvo e na
região Amarante – Cinfães.
- Na faixa da Vilariça estão reconhecidas 26 ocorrências: 15
intragraníticas e 7 em metassedimentos, junto ao contacto. A maioria destas
ocorrências são filonianas. A mineralização é constituída por minerais
secundários torbernite autunite, saleíte, etc.. A pechblenda é muito rara.
- Das ocorrências, quase todas de pequena dimensão, merece
especial destaque a de Horta da Vilariça com 945 toneladas de óxido de urânio.
Trata-se dum jazigo de disseminação.
- Na área granítica de Vila Real – Vila Nova de Foz Côa - são
conhecidas duas ocorrências filonianas na região de Carrazeda de Ansiães - Vila
Flor.
- Na área de Miranda do Douro – Torre de Moncorvo são
conhecidas duas ocorrências filonianas quartzosas na região de Carviçais
(Moncorvo).
- Na área granítica de Amarante – Cinfães são conhecidas três
ocorrências uraníferas intragraníticas filonianas, tendo sido calculadas 12
toneladas de óxido de urânio.
- Na região de Sernancelhe e Aguiar da Beira há filões
quartzosos com mineralizações uraníferas nas regiões de Souto de Aguiar,
Reboleira, Gradiz, Quintela e Sebadelhe da Serra. Trata-se em geral de pequenas
ocorrências com mineralizações secundárias de urânio.
Exploração do urânio em Portugal
Portugal, com reservas de urânio relativamente importantes,
em particular no centro interior e destaque para as áreas de Viseu e
Portalegre, foi um dos primeiros países a explorá-lo, logo após a sua
descoberta nas jazidas da Urgeiriça, em 1907, embora o fizesse para extração de
rádio e o urânio fosse rejeitado como ganga. Só com o advento da II Guerra
Mundial se dá valor a este recurso; a sua exploração, a princípio
descontrolada, passou a ser, a partir de 1962, dirigida pelo Estado. Entretanto
a exploração na Urgeiriça terminou, em sequência do encerramento da empresa em
finais de 1993.
A extração de urânio
Mesmo as maiores jazidas contêm menos de 1% de urânio: uma
grande quantidade de rocha tem de ser extraída para se obter quantidades úteis
de urânio. Grande parte desta rocha é esmagada em partículas muito finas, quase
tão radioativas como o urânio e que se dispersam facilmente pelo ar. Para se
extrair o urânio geralmente são utilizadas grandes quantidades de água, ácido sulfúrico
e composto ligante sobre estas partículas. Com a maioria do urânio removido
(cerca de 90%), as escórias são armazenadas em escombreiras ou barragens. O
nível de radiação destes resíduos pode ser 20 a 100 vezes superior aos níveis
naturais dos encontrados nas jazidas superficiais, e têm de ser armazenados por
centenas a milhares de anos até atingirem um estado estável. As poeiras
radioativas, os materiais tóxicos e o radão gerados ao longo destes processos e
presentes nos resíduos podem dispersar-se facilmente, contaminando pessoas e
ecossistemas.
Outro processo de extração do urânio muito comum é através
da injeção na água subterrânea de soluções altamente ácidas ou alcalinas. Este
é um processo altamente contaminante, tanto dos lençóis freáticos, do solo e da
rocha, mas também gerando resíduos altamente radioativos e tóxicos.
As Minas da Urgeiriça
Segundo alguns documentos, a primeira fase da história do
urânio em Portugal, começou em 1907 com a descoberta dos primeiros jazigos
urano-radíferos. Começa no referido ano, a chamada época da prospeção e
exploração do rádio que se concluí propriamente em 1944.
Em 1923 já tinham sido, segundo os mesmos documentos,
assinalados 94 jazigos, situação que se manteve até 1944. Como de início não
havia ainda, capacidade tecnológica para se processar em Portugal ao tratamento
do minério, este era exportado em bruto para França. Aí se procedia ao seu
tratamento.
Em 1913 inicia-se a exploração da mina da Urgeiriça que
viria a revelar-se como sendo um dos mais importantes depósitos uraníferos da
Europa.
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Fig.2 - As minas da Urgeiriça |
A construção de instalações começa a
observar-se e dá-se o arranque de complexos oficinais onde se começa a obter os
concentrados radíferos.
Inicialmente e como consequência da euforia
à volta da descoberta do rádio, ainda que sujeita a algumas interrupções, as
instalações da Urgeiriça mantêm-se em laboração até 1944 exclusivamente
dedicada à produção do rádio.
Graças aos conhecimentos cada vez mais e
melhores, alicerçados pela prática, começaram a competir no mercado
internacional com outros países, na produção e consequente comercialização do
rádio. Calcula-se que terá sido da ordem das 25.000 toneladas de minério com
teores de 0,50% de U3O8 (óxidos de urânio), a produção total durante o período
de tempo a que se faz referência.
Em 1945, dá-se, devido à bomba atómica, uma
inflexão profunda na produção portuguesa, aliás à semelhança do que ia sucedendo
por todo o mundo produtor de minérios. Passa-se da produção do rádio para a
produção do urânio.
Começa nova fase em Portugal, com a "
Oficina de tratamento Químico da Urgeiriça". A produção sobe então para
125 toneladas de U3O8. Põe- se em prática para o tratamento dos minérios pobres
na mina da Urgeiriça e nas do grupo Este da Serra da Estrela, um método novo
designado por "Lixiviação Natural"
Até 1962 a " Companhia Portuguesa de
Radium Lª", entidade exploradora à época existente, manteve em laboração
16 minas. Na totalidade foram extraídas 555.000 toneladas de minério com um
teor médio de 0,27% de U3O8 de cujo tratamento se obtiveram 1325 toneladas de
trióxido que foram integralmente exportadas para os Estados Unidos da América.
Como já referimos a exploração na Urgeiriça
terminou em finais de 1993.
Fontes: http://www.lneg.pt/; 26/04/12; 12:14
http://www.igeo.pt/atlas/Cap3/Cap3b_8.html; 26/04/12; 12:18
http://www.socgeol.org/documents/type_1/BSGPVIII0301.pdf;
26/04/12; 12:31
http://www.sppcr.online.pt/uranio.htm, 03/05/12; 18:34